Inevitável é a morte
Por isso penso nela: ela está lá
Eternamente fitando, namorando a corda da nossa existência
Mas se inevitável, por que o fascínio?
Fecha-se em si mesma, hermeticamente dentro de nós,
Não podemos manipulá-la ao ponto de moldar
O nosso bem ou mal-estar sobre
A egoísta e comunitária,
A unidade e fragmentada,
A algoz que controlamos
A raiz tão quanto ramos...
As lembranças já nos enganam
Pondo cores novas em negativos inférteis
Porém que deles novas visões emanam
Organizamos em várias ordens cenas indeléveis
Dependendo do humor e necessidade
Simples e complicada vontade.
Queria dançar como ontem
Num vento impensado, relógio quebrado porque não o percebemos
Despertando como hoje, cansado porque o descobrimos
E por que o hoje sempre parece pior que o ontem?
Porque o ontem não está mais ao alcance,
E então as cores nos negativos podem se entrelaçar
De maneira fantástica,
Pinceladas dignas de um Van Gogh...
Van Gogh pincelou tanto o ontem
Que cortou a orelha pra amortecer
Os gritos do Hoje...
"Se pelo menos
Não vivêssemos tentando ser felizes,
Até que poderíamos nos divertir bastante..."
Nenhum comentário:
Postar um comentário