E essa mania de lavar as mãos?
Lavo minhas mãos pro que eu sou
A sujeira não vai embora
Nem o perfume.
Do estrume vem a rosa
Do hardcore vem a bossa
Do caviar vem a bosta
A facada em lindas costas
Ah, essa minha mania de lavar as mãos
Vem da culpa inata dos cristãos
Que quase passa no orgasmo
Que quase desata o ínfimo laço
Que mistura o prazer e a traição
O laço que ata o amor à vaidade
O grito de socorro ao vão alarde
O bom sermão e a maldade
Ah, por essa inútil e linda poesia
Lavo minha mãos...
terça-feira, 14 de janeiro de 2014
segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
Vida definitiva
Eu quero sangue e suor
Morrer andando, lutando
Você estava feliz e sedado quando te vi
Atirando-se num futuro escolhido
Por outrem. Ontem.
Os latidos te incomodavam
O relógio te enfrentava
E você passivo, passado, pasmo, pateta, podre
Você estava dormindo acordado quando te vi
Falando sobre sonhos como quem sonha
Falando. Descrevendo na inércia
A imaginação pungente (imaginação)
Amanhã foi legal comparado com
O ontem que o hoje é. Segundos pra trás
Minutos pra frente hora parada
Caminhada na esteira da indecisão
Minha. Milhões de quilômetros, passos
Firmes em direção à cova.
Eu sei o que é uma poesia definitiva
Eu sei quando ela agride minhas células
Conjuntivas e minhas
Gengivas sangram pois não posso mais
Comer (sem viver)
Viva a vida que começa a partir de agora
(03h:07min e 30s).
Valéria Dusaki
Morrer andando, lutando
Você estava feliz e sedado quando te vi
Atirando-se num futuro escolhido
Por outrem. Ontem.
Os latidos te incomodavam
O relógio te enfrentava
E você passivo, passado, pasmo, pateta, podre
Você estava dormindo acordado quando te vi
Falando sobre sonhos como quem sonha
Falando. Descrevendo na inércia
A imaginação pungente (imaginação)
Amanhã foi legal comparado com
O ontem que o hoje é. Segundos pra trás
Minutos pra frente hora parada
Caminhada na esteira da indecisão
Minha. Milhões de quilômetros, passos
Firmes em direção à cova.
Eu sei o que é uma poesia definitiva
Eu sei quando ela agride minhas células
Conjuntivas e minhas
Gengivas sangram pois não posso mais
Comer (sem viver)
Viva a vida que começa a partir de agora
(03h:07min e 30s).
Valéria Dusaki
quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
O Mundo me telefonou hoje (anti-soneto)
É um cinismo disfarçado de justiça
O desespero embebido em pinga pura
A cocaína que o nariz fudido cura
Invertendo a culpa certa mas furtiva
É o rock and roll sem alma que me deixa surdo
Impregnando até a ponta dos meus dedos
Tornando minhas sagradas vísceras sonetos
Mais falsos que essa política do absurdo
Verdades empedradas nesse inconsciente
Mais factual do que um tiro na sua testa
Porque nem uma bazuca quebra a crosta-creme
De gente que não vê o espelho, essa gente
Nas quais me incluo pra me excluir depressa
Como uma puta que não goza porém geme.
Davi Kaus
O desespero embebido em pinga pura
A cocaína que o nariz fudido cura
Invertendo a culpa certa mas furtiva
É o rock and roll sem alma que me deixa surdo
Impregnando até a ponta dos meus dedos
Tornando minhas sagradas vísceras sonetos
Mais falsos que essa política do absurdo
Verdades empedradas nesse inconsciente
Mais factual do que um tiro na sua testa
Porque nem uma bazuca quebra a crosta-creme
De gente que não vê o espelho, essa gente
Nas quais me incluo pra me excluir depressa
Como uma puta que não goza porém geme.
Davi Kaus
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