domingo, 17 de janeiro de 2016

Gozo azul

Soquei o segredo
Sangrando a parede
Chutei a verdade xoxa
Sangrei na verdade
Socando a parede
Secando sua verve rouca
Bati pra cuíca
Com muito cuidado
Pra não ofender o samba
Mas a siririca
Que foi prometida
Foi fama sem deitar na cama

Então verti o gozo
Na sua boca
Como quem põe palavras
Na sua alma

Sequei o açude
Da escravidão
A água era só unguento
Só pra perfumar
A perfuração
Do estado que mata o nordeste
De leste a oeste
De norte a sul
Estão matando o céu azul
E o negro da peste
E os miasmas baços
Pincelados de lindo azul

Então verti o gozo
Na sua boca
Como quem põe palavras
Na sua alma

E
me
es
que
ci
Do gozo que mata
E
vo

gos
tou
Do gozo que salva
É a selva inteira na minha saliva
Batom de sangue na minha camisa
E o gozo azul reconhece o céu
E no paraíso aparece o mel...

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