terça-feira, 24 de novembro de 2020

Gozo de Chôro

Eu vi a Linda Morte dissolvendo as cores do agora que se foi

Faz-se um odor estranho

Não fede nem cheira, perfume inodoro

Mas Doloroso

Gozo de chôro.

A Inspiração é um Deus estranho

Desmantelou-me caminhando

Na Arniqueira às 11 da manhã de uma terça

Numa rua de lugar nenhum, a frase perfeita dita em segredo de Deus pro Demônio.

A desconstrução do Rosa na Rosa

O pulo do gato do despertencimento pro repertencimento

Num emaranhado da Matrix:

A Inspiração é o Gato da Matrix

Mas não há Matrix, são dez minutos numa manhã numa rua em direção a nada.

Momento perfeito em que a oportunidade de esquecermos

É tão sedutoramente saliva de sexo

Que as glândulas não param,

Tudo seca menos as glândulas,

!QUE O MUNDO SEQUE E O SEU MOLHO MOLHE MEU INTUMESCIDO PAU DE DAR EM AMOR DOIDO!

É um absorto vívido

Câmera-lenta afoita

Como uma boa metida.

Absurdamente insípido

Nem caga nem sai da moita

Mítica da quase vida...

Mas quando saímos

Caímos no abismo fantasmagoricamente sucubus-incubus

Do gozo do chôro.

Quase acreditei que ela tinha voltado

Sendo que ela nem foi embora...

Eu senti a Linda Morte ao norte das cores

Fortes, agora doces. Cheiros, agora Sorte

Completo Gozo de Chôro.

   


sábado, 14 de novembro de 2020

Preces ao Maravilhoso Nada

Milhões de corações quebrados

Renasceram em mim

E a culpa é sua.

Não dá pra passar o pano

Em tantas lágrimas

É o Sal de Marés Mil

Miríades de dor em cada canto do Brasil

Eu não aguento mais

Há um cansaço em tudo que vejo

Em tudo que sinto

Porque não é meu fígado fudido

Não é meu coração partido

Tudo se partiu de novo

E de novo

E de novo

O Ovo da Clarice quebrou em meu peito

Estou provando da Omelete que a Clarice amassou

A Poesia está deste lado

O Poeta está destilado em sangue nas mãos 

Sou do Panteão do Desgraçados do Amor 

Não sou parnasiano pra escrever palavras em torpor

Mas quero os louros da Grandeza do Abismo

Quero o Rosa do sangue da Rosa

Já que tudo é Morte

Quero o gozo maravilhoso desse Norte

Que norteia a Vida rumo ao Nada

Esse Nada em piscadelas nos recônditos

Quero a violência do beijo

A violência da topada

A sede da Virgem

A Paixão de Cristo no meio das pernas

Minha língua pervertendo o platônico

O momento eterno pervertendo o anacrônico

Nossa pele num gozo supersônico

Materialize-se, minha Deusa sem Tempo!

Quero acariciar-te como acaricio essa Ideia de Amor

Me sentir amado

Armado de Amor

Te fazer cosquinhas com suas penas

Ah, que pena, que nada

Nada mais vale a pena

O Nada do Amor vale tudo

Quando você sorri, minha Deusa!

A tristeza da imaterialização me magoou agora...

Você já esteve aqui

E preferi rezar pro meu altar imaterial

A desfazer sua santidade

Não, o medo foi meu de te materializar

E perecer

O que é matéria perece

Mas é melhor perecer do que auto-flagelar-se nos Sonhos mortos das preces

A prece

É o perecer

Do NADA...


domingo, 8 de novembro de 2020

Mestre-nos

Professor:

Eu não sei onde estou

Talvez saiba o que sou

Nesse momento em suas mãos

Seu, parte dos que serão

Nós mesmos

Desate o nó em mim

Desate o não do sim

Sou luz

Sou cruz

Me reconheça

Me veja como sua extensão

Deumsol

Asóssemprejuntos

Te pergunto

Se posso errar

E o colo da sua consciência

Me fará

Acertar

Acerte-me com sua incerteza

E Te Amo pela sua incerteza

De confiar na nossa certeza 

Em mim.