sábado, 14 de novembro de 2020

Preces ao Maravilhoso Nada

Milhões de corações quebrados

Renasceram em mim

E a culpa é sua.

Não dá pra passar o pano

Em tantas lágrimas

É o Sal de Marés Mil

Miríades de dor em cada canto do Brasil

Eu não aguento mais

Há um cansaço em tudo que vejo

Em tudo que sinto

Porque não é meu fígado fudido

Não é meu coração partido

Tudo se partiu de novo

E de novo

E de novo

O Ovo da Clarice quebrou em meu peito

Estou provando da Omelete que a Clarice amassou

A Poesia está deste lado

O Poeta está destilado em sangue nas mãos 

Sou do Panteão do Desgraçados do Amor 

Não sou parnasiano pra escrever palavras em torpor

Mas quero os louros da Grandeza do Abismo

Quero o Rosa do sangue da Rosa

Já que tudo é Morte

Quero o gozo maravilhoso desse Norte

Que norteia a Vida rumo ao Nada

Esse Nada em piscadelas nos recônditos

Quero a violência do beijo

A violência da topada

A sede da Virgem

A Paixão de Cristo no meio das pernas

Minha língua pervertendo o platônico

O momento eterno pervertendo o anacrônico

Nossa pele num gozo supersônico

Materialize-se, minha Deusa sem Tempo!

Quero acariciar-te como acaricio essa Ideia de Amor

Me sentir amado

Armado de Amor

Te fazer cosquinhas com suas penas

Ah, que pena, que nada

Nada mais vale a pena

O Nada do Amor vale tudo

Quando você sorri, minha Deusa!

A tristeza da imaterialização me magoou agora...

Você já esteve aqui

E preferi rezar pro meu altar imaterial

A desfazer sua santidade

Não, o medo foi meu de te materializar

E perecer

O que é matéria perece

Mas é melhor perecer do que auto-flagelar-se nos Sonhos mortos das preces

A prece

É o perecer

Do NADA...


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