quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Notícias de sempre

Dias de merda
Jornal-Funeral
Guerras espirituais
Sofrimento carnal
A carne é fraca, o espírito é forte
E por isso todo mundo morre
Pra eles bosta na água
É pobre em enchente
E ninguém se enche
E todos são enterrados vivos
Como indigentes (índios-gente)
Índios, gente!! Gente?
Ah, é...Enterrados vivos...
Thabalho-sacrifício
Cidade dormitório-hospício
Hipnose-TV nos remetendo a
Vidas passadas (em eternos replays)
Senhas de cofre
De dinheiro volátil
Veias de cobre
Olhos de cobra-cega cibernética
Seios desnudos
Pra aplacar a dor contida no gozo
Mãos imundas
Depois de lavarmos ajudando o outro
Visão além da fumaça
E o que vi foram pilhas de mortos:
Pilhas.

Valéria Dusaki

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Fim de tarde da noite

Como eu esperei pelo sol...
Mas ele não veio, afinal era de noite
Como esperei pelo prazer debaixo do açoite
Como esperei por sentimentos no formol.

A lua estava lá pelo menos
Quase como um remendo, porém embebido
Em bálsamo de licor, contradição sendo
Intrépida e incolor como burro fugido.

Minhas imagens embaralhadas não incomodam ninguém
Mas dizem respeito a todo mundo
Mesmo o mendigo vagabundo e imundo
Sofre e pragueja, assim sendo, contra aqueles que tem
E com alguma razão
Apesar do espírito nada são
(E apesar do espírito, para os outros nada são
Os mendigos).

O dia não veio (eu sei...era de noite!)
Mas a esperança contida nisso é eterna
Sei da minha amada longe e sempre terna
E sei também da noite, do formol
E do açoite
E estou aqui ainda, esperando...


Valéria Dusaki

terça-feira, 1 de outubro de 2013

"Arniqueira segunda (Primeira)"

Ouvi passos
E era um cão vadio.
Ele era Deus.
Todos somos cães vadios
Famintos cheirando carcaça atrás de sorrisos
Sedentos por você e por nós...
Ouvimos um tiro no beco
Demos um tiro no desespero
Levamos um tiro por excesso de esmero
Com a vida.
E quase morremos.
A água turva que você vê
É diferente na Arniqueira
Tem eira e beira e nenhuma arnica, não mais...
Tem bêbados
E trabalhadores matinais sôfregos
Preços mais altos que os da areia do deserto
Decerto Areal (hehehe)
É uma classe baixa-média
É uma Idade Média
Mais futurista do que os progressistas querem acreditar
O futuro é a enxurrada
Transportando os pés e as vontades de quem ama o que é sujo e morto na segunda...
São Paulo é a cidade que nunca pára?
Arniqueira é o bairro que nunca dorme
POIS A ESPERANÇA É UMA CRIANÇA FAMINTA QUASE MORTA
MAS CHEIA DE ESPERANÇA:
A INSÔNIA É A COMIDA.
Mas me divirto
Meus amigos estão aqui
Nas cantinas e becks e igrejas
Nos Bombas e nas cervejas
Nos papos sobre o futuro
Nas distribuidoras de murros
Contra o sistema
Murros dormentes mas certeiros
Canção inacabada mas inteira
Composta na parada da Arniqueira...
Pra mim acima de tudo é Rock.
Vocês conhecem Rock?
Ouvi passos
Numa rua daqui
Me deu medo
Parecia Deus vindo
Ou um cão vadio:
Quem sabe era eu.


Davi Kaus