sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Fim de tarde da noite

Como eu esperei pelo sol...
Mas ele não veio, afinal era de noite
Como esperei pelo prazer debaixo do açoite
Como esperei por sentimentos no formol.

A lua estava lá pelo menos
Quase como um remendo, porém embebido
Em bálsamo de licor, contradição sendo
Intrépida e incolor como burro fugido.

Minhas imagens embaralhadas não incomodam ninguém
Mas dizem respeito a todo mundo
Mesmo o mendigo vagabundo e imundo
Sofre e pragueja, assim sendo, contra aqueles que tem
E com alguma razão
Apesar do espírito nada são
(E apesar do espírito, para os outros nada são
Os mendigos).

O dia não veio (eu sei...era de noite!)
Mas a esperança contida nisso é eterna
Sei da minha amada longe e sempre terna
E sei também da noite, do formol
E do açoite
E estou aqui ainda, esperando...


Valéria Dusaki

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