...é que naquele tempo a luz era cadavérica
mas cadáver de bebê
Quando os ossos ainda carregam
Na alvura reluzente
A vontade de viver
Se não cresceu, catástrofe
Mas pelo menos a potência se manteve:
Faleceu no sonho...
Não, não quero falar daquela tristeza
Que é essa que me dilacera no quase-tocar
Das manhãs nubladas iguais à noite
Nem do fim do nosso Tempo
Quando as feridas não pegavam mais remendo
Puídas pela mágoa e a desesperança
Tá, é bem certo que só não me matei por masoquismo
É bem certo que não te matei por cinismo
Pois você implorou com olhos de águia enferma
Que impedida de voar não tinha mais sentido
Tentei engolir de volta o coração que você me devolveu
Mas pra quê se ele era seu?
Sem uso pra mim e pra mais ninguém
Réquiem prum corpo naufragado
Cenotáfio mesquinho e abandonado...
Não quero falar daquela tristeza
Dos anarquistas desiludidos
Dos sonhos destroçados pela fatalidade
À época que ousamos desafiar a Bomba
Apenas com o olhar invencível...
Que perdure a essência da inocência
Mesmo que envolta nas mortalhas
Amareladas e gastas da decadência.
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