quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

A Pátria Poética de Haia

            A conheci através de uma Amiga-Anja, a mesma que tatuou em mim “A ESSÊNCIA BROTA”. Quando a luz brilha, ela faz barulho, que sinestesia bacana. Ou foi o Silêncio que gritou?

            A Deusa através de outra Deusamiganjaprofana. É uma Deusa que, como toda Deusa, existe se esgueirando no lustres flutuantes de uma deidade onipotente, mas em fama inglória: Haia ou Clarice? Maceió ou Tchetchelnik? Anarquista ou Anarquia? O quê ou Essência (do quê? Quem é quê?)... A palavra Essência se esgota quando escrita. Ainda mais maiúscula.

            Eu não entendo a Flor no Coração de olhos tão severos nas fotografias, mas fotografias são apenas as penas oriundas da luta dionisíaca-estoica-colossal-epopeica-atemporal-épica entre o ovo e a galinha, e as penas nasceram antes das penas... Eu gosto da Clarice Lispector porque ela consegue, como o Charles Bukowski e a atriz Grace Gianoukas, extrair do cotidiano, até então considerado banal, a Iluminação de quando saí do Útero da minha mãe Alice: a Clarice esclarece o gozo-gosma da barata, mas também redesmonta as trevas do Útero das nossas mães Alice e Mania, a masmorra que se tornou o resquício de perfeita escuridão daquele recôndito. O êxtase que exala da literatura clariceana é o cheiro férreo-doce do infinito mais abismal chamado sombra uterina. No caso do Buk a sombra é a da porra no vidro da janela, mas esse tópico não é relevante no momento. Muito em vários, mas não agora.

            A Clarice é de uma doçura da porra. (Não tô conseguindo. Eu quero me tornar ela pra falar dela, mas se eu me tornasse ela não poderia falar dela, porque somos espelhos refletidos... OPA, ESTOU CHEGANDO PERTO! DE ONDE MESMO?)  A Haia me faz amar o Brasil e a língua brasileira-portuguesa. Mas não é isso. É que ela se permite ser estrangeira de si mesma e isso causa uma atração entre pólos iguais que ressignifica a verdadeira pátria, a do dia-a-dia. A Pátria Poética de Haia é o olhar pros céus se perguntando se vai chover em Moçambique ou na Argélia ou no Chile, mas na Pátria Poética de Haia chove uma chuva de setas que tentamos engolir pra que voltemos ao eixo inaceitavelmente inequívoco do Nada.

            A Flor no Peito me dá uma vontade incontrolável de ser o não-ser, pra daí ressumar apenas o Gozo fazendo-o exponencial em outro Poema até a Morte morrer e viver nos vários dez de dezembro que vierem (ou é nove?)

            Te amo, Clarice. Nem sei se te amo. Por isso Te Amo.

            A Luz Brilhou Barulho Outra Vez           

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