O artista é um filho da puta
Da puta mais cruel e negligente,
Ou seja: o público.
Como filhos querem atenção
Ele inventa rimas e um refrão
Ele chora pelas tetas de uma mãe
Que dá para os seus amores passados
Que quase nem estiveram presentes...
Filho bom é filho quieto
No canto de uma sala esperto
Apenas esperando por uma migalha
De olhar. Sofreguidão inconstante
A medida que as migalhas vêm
Porém constante, pois jogadas são
Como ao léu, pra ninguém.
E quando o olhar é de aprovação
O filho prefere o de espanto
Que é mais difícil de fingir
E quando é de santificação
O artista grita: "-Quebre esse santo
Pois é você que deve existir!"
E os dois começam a existir.
Valéria Dusaki
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