sábado, 28 de setembro de 2013

Hermética morte

Explodir o mundo
Enforcar todos os infiéis
Que não idolatraram o D-eu-s
Inclusive eu, que me idolatrei tanto
Ao ponto de acalentar mais a cruz
Do que o mártir do amor nela cravado...
O mundo me enganou. E fraquejei
Curvei-me na grandiosidade do oponente
Sentei-me na humildade de reconhecer meu limite...
E aconteceu que fui tão humilde,
Tão cristão no meu revide,
Que me percebi tão, mas tão humilde
Que não seria cruel em travar uma luta
Contra mim mesmo... “Quem você pensa que é?” –diz o espelho
“batendo em alguém de óculos?”
Tadinho dele (de mim)...
É hermética e intransferível a morte
Mas se cada um morre do seu jeito
Apesar disso, todos morrem.


Davi Kaus

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