quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Flores híbridas do manicômio portátil (petrificação hitlerista)

Eu tenho um coração obscuro
O brilho está dentro
Na batida de passos de meninos brincando no escuro:
Estão lá na mesma medida que os invento...
Quarto de pânico
Acolchoado de amor
Um portátil manicômio
Que no jardim cultivam-se flores híbridas
E elas que se cultivam
Minha loucura está em querer desmembrá-las em flores únicas
Sendo a mistura única
E inevitável.
Meu coração me traiu
E me disse que foi sem querer
Que foi involuntário
E que sendo um músculo involuntário
O perdão teria que assim sê-lo...
Perdoei, foi totalmente lógico
Mas a arritmia me pousou triste
Nisso ele mentiu
Pra si mesmo, pra mim si mesmo...
Éramos as flores híbridas do manicômio
E eu já tinha esse manicômio portátil
Salpicado de flores híbridas de amor...
Cérebro alma coração e pá em riste: vamos desmembrá-las
Essas flores malditas do meu manicômio portátil!
Geneticistas e jardineiros
Parteiros e coveiros
Aleijados e inteiros
Uma nação inteira empenhada na morte do amor!
Matem o tempo
Suturem a poesia
Esperneiem sobre a raça superior
Império Estático de Dor e Pureza
PUREZA!!!!!!
PUREZA?
PUREZA...
A hibridez me magoou
Me tirou o chão da eternidade
Arrancou minha fé nessa cidade
E o problema não é a cidade
Mas minha estupidez em ter fé nela
E a mágoa veio da prepotência
De por um deus morto querer manter acesa a vela...
Minha loucura está em querer desmembrar as flores híbridas do amor
Mas é que dói a verdade
Da inevitabilidade
Vem do medo
Do manicômio portátil sucumbir á petrificação hitlerista
Tudo se consome
Nada é pra sempre
Me tornei insone por medo da mutação dos sonhos
Se eu me tornar poesia
Não escrevo mais poesia
A poesia é o adubo do jardim do manicômio
Eterno
Efêmero
Manicômio...


Davi Kaus


















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