Nas veias da cabeça
Nas veias dos meus ossos
Na pele do joelho
Nas veias do cabelo
Nos ossos do cabelo
Drenando o cerebelo
Parindo da minha tíbia
Do fóssil que sou hoje
Mais podre que as múmias
Fuçando o fóssil ínfimo
Quebrando a crosta-creme
Nas veias da cabeça
Na ilíaca da minha alma
Partiu meu coração
Às vezes vem a calma
Mas dura três segundos
O resto da minha vida
Com a fratura exposta
Sendo fóssil já novo
Tal qual um podre ovo.
Para Edgar Amaro de Barros, pai de Valéria Dusaki.
Em memória.
Valéria Dusaki
quinta-feira, 24 de abril de 2014
quinta-feira, 17 de abril de 2014
!
Em longínquas eras
Outros ouvidos doeram
Outras almas sofreram
Em noturnas querelas
Com o espelho
Tentando achar palavras
E só achando o silêncio
Depois da peleja travada
Com o fulgurante pensamento
Que não explode
Os cães lá fora latem
No relógio os segundos batem
E eu nessa agonia augustiana
De expressar algo que me assanha
Causa cãibra cerebral
É uma mortalha de mil panos
Dentro minha alma chora mil prantos
Triste não exatamente por tristeza
Mas por não conseguir com destreza
Dizer o que se quer
Não há profundidade suficiente
Na caneta pra descrever o abismo
Abissal latente na pele demente
(e essa frase ainda soa eufemismo)
Quase consegui.
Boceta da desgraça
Cabeça de pau
Cabeça doendo
E amanhã como sempre
De novo tento... De
Novo.
Valéria Dusaki
Outros ouvidos doeram
Outras almas sofreram
Em noturnas querelas
Com o espelho
Tentando achar palavras
E só achando o silêncio
Depois da peleja travada
Com o fulgurante pensamento
Que não explode
Os cães lá fora latem
No relógio os segundos batem
E eu nessa agonia augustiana
De expressar algo que me assanha
Causa cãibra cerebral
É uma mortalha de mil panos
Dentro minha alma chora mil prantos
Triste não exatamente por tristeza
Mas por não conseguir com destreza
Dizer o que se quer
Não há profundidade suficiente
Na caneta pra descrever o abismo
Abissal latente na pele demente
(e essa frase ainda soa eufemismo)
Quase consegui.
Boceta da desgraça
Cabeça de pau
Cabeça doendo
E amanhã como sempre
De novo tento... De
Novo.
Valéria Dusaki
quarta-feira, 9 de abril de 2014
Tempo dentro dum relicário
Tempo-ácido.
A cada hora que passa
Mais o tempo passa e um pouquinho
Do espelho racha.
Imagem flácida (como as margens plácidas.
Onde estará Plácido Domingos?
É que eu só saio aos Sábados...)
O pau já não sobe
A boceta já não molha
Coração já não dispara por medo da morte
O tempo tem me feito sofrer
O tempo tem me feito perder tempo
Bateu um desespero! A fada-madrinha
Está derretendo vida afora
Vida fora daqui. A vida faz é sumir
E a encontro apenas em relicários
Dentro de relicários dentro de relicários.
Túmulo-relicário...
Todos me acham meio tapado
E eu realmente queria ser tapado
Como eles para não sofrer tanto
Mas ignorância não é benção e isso
Está tatuado em minha alma.
Boa noite.
Valéria Dusaki
A cada hora que passa
Mais o tempo passa e um pouquinho
Do espelho racha.
Imagem flácida (como as margens plácidas.
Onde estará Plácido Domingos?
É que eu só saio aos Sábados...)
O pau já não sobe
A boceta já não molha
Coração já não dispara por medo da morte
O tempo tem me feito sofrer
O tempo tem me feito perder tempo
Bateu um desespero! A fada-madrinha
Está derretendo vida afora
Vida fora daqui. A vida faz é sumir
E a encontro apenas em relicários
Dentro de relicários dentro de relicários.
Túmulo-relicário...
Todos me acham meio tapado
E eu realmente queria ser tapado
Como eles para não sofrer tanto
Mas ignorância não é benção e isso
Está tatuado em minha alma.
Boa noite.
Valéria Dusaki
sexta-feira, 4 de abril de 2014
Canto Eterno, Ciclo Revolto
Com o passar dos anos,
Me apeguei mais ao passar
Do que aos anos
Furacões nasceram nos cantos
E me esfolei ao tentar velar
O secretíssimo canto
E com o passar dos cantos
A túnica dos coristas compus
E ornei o palco como se orna o altar
Mas o altar é a extensão do santo
Sendo o puríssimo canto sua luz
E sob o Canto Eterno a túnica está a se desgastar
Tenho sido sombra desesperada pelo Sol
Num desespero tão fatalista que dá dó
O Dó central das túnicas dançantes
E o secretíssimo canto cada vez mais secreto
E a sala adornada com os quadros mais dejetos
Beleza de insipidez das mais intoleráveis
Eu quero te tostar no Sol das Cinco da Manhã
O nosso Sol de Órion que explode no afã
De nos tornarmos completos, nós os Astros Nanométricos
Sentir a Eternidade no estômago febril
Eu quero a verdade do primeiro de abril
Eu quero a poesia que se esconde quando Falo
Sangue singrando como barco perfeito que é
No ciclo revolto do Mar da Desistência e da Fé.
Me apeguei mais ao passar
Do que aos anos
Furacões nasceram nos cantos
E me esfolei ao tentar velar
O secretíssimo canto
E com o passar dos cantos
A túnica dos coristas compus
E ornei o palco como se orna o altar
Mas o altar é a extensão do santo
Sendo o puríssimo canto sua luz
E sob o Canto Eterno a túnica está a se desgastar
Tenho sido sombra desesperada pelo Sol
Num desespero tão fatalista que dá dó
O Dó central das túnicas dançantes
E o secretíssimo canto cada vez mais secreto
E a sala adornada com os quadros mais dejetos
Beleza de insipidez das mais intoleráveis
Eu quero te tostar no Sol das Cinco da Manhã
O nosso Sol de Órion que explode no afã
De nos tornarmos completos, nós os Astros Nanométricos
Sentir a Eternidade no estômago febril
Eu quero a verdade do primeiro de abril
Eu quero a poesia que se esconde quando Falo
Sangue singrando como barco perfeito que é
No ciclo revolto do Mar da Desistência e da Fé.
quinta-feira, 3 de abril de 2014
Síntese do epitáfio da gênese
Veja meu rosto pálido
E meu pênis ereto
Sexo, drogas e destruição
Meu moral flácido
E minha moral reta
Mais um milênio pelo chão
Mas mesmo no claustro
Eu encontro um ombro amigo
Fogo na pele mas não no coração
Da desilusão segui o rastro
E outros desgraçados vieram comigo
Parece genética essa propensão
Ou são sintomas apenas do mundo
Em estelar regressão?
Eu olhei pro lado quando olhei pro espelho
E não adiantou pois você foi o meu reflexo
Minha razão foi de encontro ao instinto
E lendo o kama Sutra baseei o meu sexo
Como se Dionísio trepasse com Apolo
Sonhos despertassem inférteis solos
Os Smiths tocassem infindáveis solos...
Sigo o instinto pensando demais
Como nós (nós) animais racionais
Deuses-animais, homens infernais
Faço isso rondando o equilíbrio
Como um cachorro atrás do próprio rabo
Como um pai que é neto e filho
E como um grande Poeta que não é
Um livro nunca acabo...
Valéria Dusaki
E meu pênis ereto
Sexo, drogas e destruição
Meu moral flácido
E minha moral reta
Mais um milênio pelo chão
Mas mesmo no claustro
Eu encontro um ombro amigo
Fogo na pele mas não no coração
Da desilusão segui o rastro
E outros desgraçados vieram comigo
Parece genética essa propensão
Ou são sintomas apenas do mundo
Em estelar regressão?
Eu olhei pro lado quando olhei pro espelho
E não adiantou pois você foi o meu reflexo
Minha razão foi de encontro ao instinto
E lendo o kama Sutra baseei o meu sexo
Como se Dionísio trepasse com Apolo
Sonhos despertassem inférteis solos
Os Smiths tocassem infindáveis solos...
Sigo o instinto pensando demais
Como nós (nós) animais racionais
Deuses-animais, homens infernais
Faço isso rondando o equilíbrio
Como um cachorro atrás do próprio rabo
Como um pai que é neto e filho
E como um grande Poeta que não é
Um livro nunca acabo...
Valéria Dusaki
quarta-feira, 2 de abril de 2014
A lâmpada é um mosquito
O futuro está no cigarro
Sonhos em pensamentos tumultuados
Vai ser sempre assim, claro:
O ontem vai estar sempre ao seu lado
E teremos saudades de hoje.
E isso já foi dito ontem, e eu lembro
Hoje e lembrarei amanhã...
Hoje, ontem, amanhã
Ontem, amanhã, hoje
Onamatem nhãhoaje.
Olhei pra lâmpada um milhão de vezes
Antes ela até se mexia
O silêncio tinha um gosto diferente
Mas não sou só eu, antes
Mais coisas acontecia...
O futuro está no cigarro
Não o queime apenas
Não transforme esse cigarro
Em um câncer estúpido e só
Eu vi o sol hoje e ele nunca me pareceu
Tão vazio
E sei que nele há segredos tão singulares
De deixar a vida por um fio
Como é a eternidade uma lâmpada
Para um mosquito.
Valéria Dusaki
Sonhos em pensamentos tumultuados
Vai ser sempre assim, claro:
O ontem vai estar sempre ao seu lado
E teremos saudades de hoje.
E isso já foi dito ontem, e eu lembro
Hoje e lembrarei amanhã...
Hoje, ontem, amanhã
Ontem, amanhã, hoje
Onamatem nhãhoaje.
Olhei pra lâmpada um milhão de vezes
Antes ela até se mexia
O silêncio tinha um gosto diferente
Mas não sou só eu, antes
Mais coisas acontecia...
O futuro está no cigarro
Não o queime apenas
Não transforme esse cigarro
Em um câncer estúpido e só
Eu vi o sol hoje e ele nunca me pareceu
Tão vazio
E sei que nele há segredos tão singulares
De deixar a vida por um fio
Como é a eternidade uma lâmpada
Para um mosquito.
Valéria Dusaki
Assinar:
Postagens (Atom)