quinta-feira, 24 de abril de 2014

Ilíaca

Nas veias da cabeça
Nas veias dos meus ossos
Na pele do joelho
Nas veias do cabelo
Nos ossos do cabelo
Drenando o cerebelo
Parindo da minha tíbia
Do fóssil que sou hoje
Mais podre que as múmias
Fuçando o fóssil ínfimo
Quebrando a crosta-creme
Nas veias da cabeça
Na ilíaca da minha alma
Partiu meu coração
Às vezes vem a calma
Mas dura três segundos
O resto da minha vida
Com a fratura exposta
Sendo fóssil já novo
Tal qual um podre ovo.

Para Edgar Amaro de Barros, pai de Valéria Dusaki.
Em memória.


Valéria Dusaki

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