Em longínquas eras
Outros ouvidos doeram
Outras almas sofreram
Em noturnas querelas
Com o espelho
Tentando achar palavras
E só achando o silêncio
Depois da peleja travada
Com o fulgurante pensamento
Que não explode
Os cães lá fora latem
No relógio os segundos batem
E eu nessa agonia augustiana
De expressar algo que me assanha
Causa cãibra cerebral
É uma mortalha de mil panos
Dentro minha alma chora mil prantos
Triste não exatamente por tristeza
Mas por não conseguir com destreza
Dizer o que se quer
Não há profundidade suficiente
Na caneta pra descrever o abismo
Abissal latente na pele demente
(e essa frase ainda soa eufemismo)
Quase consegui.
Boceta da desgraça
Cabeça de pau
Cabeça doendo
E amanhã como sempre
De novo tento... De
Novo.
Valéria Dusaki
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