quarta-feira, 9 de abril de 2014

Tempo dentro dum relicário

Tempo-ácido.
A cada hora que passa
Mais o tempo passa e um pouquinho
Do espelho racha.
Imagem flácida (como as margens plácidas.
Onde estará Plácido Domingos?
É que eu só saio aos Sábados...)
O pau já não sobe
A boceta já não molha
Coração já não dispara por medo da morte
O tempo tem me feito sofrer
O tempo tem me feito perder tempo
Bateu um desespero! A fada-madrinha
Está derretendo vida afora
Vida fora daqui. A vida faz é sumir
E a encontro apenas em relicários
Dentro de relicários dentro de relicários.
Túmulo-relicário...
Todos me acham meio tapado
E eu realmente queria ser tapado
Como eles para não sofrer tanto
Mas ignorância não é benção e isso
Está tatuado em minha alma.
Boa noite.


Valéria Dusaki

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