terça-feira, 23 de julho de 2013

A Equação do Cacto

Hoje eu percebi que estava conversando com um cacto
Eu era o cacto
Em tudo me transfiguro: cacto, estrelas, Deus
Num tão longe quanto intrínseco pacto
Que a loucura torna eternamente irremediável
Tanto quanto subverte
Meus pensamentos são tão puros
Que legitimam sua pureza no não-ato
Como uma mão invisível que seguro
E que por ser invisível não desato
Falo com uma pedra mas não falo com minha família
Como violões rezando para Santa Cecília
Sacralizei minha vida em torno da dor
De não conseguir o prazer infinito
Sacralizei dessacralizando-a
Numa imantação racional do absurdo
Paradoxei alma e corpo e mente
Gritei pra chegar a essência do som surdo
Que se esconde no escuro da sala
Que imagino no quarto...
Temo o escuro da sala
Vejo o vulto uno
Velo o vulto uno que se tornou minha consciência
Oca com a agonia do que é oco
Preenchida de epifanias de buracos negros
Epifania no rastro que deixa o desespero de sentir e não entender
Precisando tanto se reconhecer
Em si mesmo
Mas deformado
É uma deformação que eu quero diagramar
É uma equação do nonsense que eu gozo quando resolvo
Urro em línguas tão pré-históricas que nunca existiram
Me arrepio na pele de uma ultra-consciência cósmica
É uma equação do nonsense que eu gozo quando resolvo
É uma equação como qualquer outra...

2 comentários:

  1. Gostei muito meu velho amigo, velhas estórias nunca se esgotam gostei do trecho ''É uma equação do nonsense que eu gozo quando resolvo'' me identifiquei no sentido de vida!

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    1. Que bom que cê gostou, queridão!!!!! É uma poesia sobre loucura... e vontade de vida... beijoca, meu velho... e vamos tomar umas!!!!!

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