Tenho estado cansado
Entre o sol e a chuva
A profana e a pura
Busca da verdade. E a verdade é que...
Tenho estado cansado
Entre a globalização dos sonhos
E a globalização da selva e
Nessa aldeia o pajé é o Bush...
E o que restará com certeza não serão árvores
Bush quer poluição armamentista
Quer deus, pátria, família e mortos árabes
Bush quer os Estados Unidos como uma ilha
Lá na lua pra quando o mundo ir pros ares
Ele rir do mundo árabe, que pra ele
É o mundo inteiro
Tenho estado cansado
Entre a vida e a morte
A bondade e o bote
A saudade e a estrada
A comida e a cachaça
Tenho visto de tudo
Vi a queda do muro
E a alta do dólar
Vi a alta dos juros
E o final da sola
Do sapato sem emprego
E sem esmola
Vejo a solidariedade como a única saída
Mas ontem o carro bomba matou mais uma família
E o Ariel Sharon fudeu mais uma mesquita
E o George W. Bush com sua política nazista
Convenceu o seu povo que essa é a única saída.
Valéria Dusaki
sábado, 25 de agosto de 2012
Paz?
Mais um plano.
E enquanto ele for considerado como um plano
Nunca sairá do papel
Pois, de um plano,
É a essência de não sair do papel um ponto
Como essas nuvens do céu
(Que não como).
Mas é real
Toda angústia e desesperança que um plano causa
Elas são dinâmicas.
Como braile
Nas pontas dos dedos dos sonhadores, da alma
Que instiga as glândulas
(E as irritam só).
Só? Não apenas, há penas...
Irritam glândulas d'alma
E pessoas fazem cenas
De um filme que nos fazem coçar
As glândulas lacrimais
Filmes! Essa poesia!
Deixe-a sair do papel
E como da revolta, filhas,
Faça arte subversiva
Escreva escarcéu: escarre o céu
Escreva governo; engov-ermo
Escreva sentimentos: simtormentos
Escreva paz: paz (E não só escreva,
Senão você só escrava).
Valéria Dusaki
E enquanto ele for considerado como um plano
Nunca sairá do papel
Pois, de um plano,
É a essência de não sair do papel um ponto
Como essas nuvens do céu
(Que não como).
Mas é real
Toda angústia e desesperança que um plano causa
Elas são dinâmicas.
Como braile
Nas pontas dos dedos dos sonhadores, da alma
Que instiga as glândulas
(E as irritam só).
Só? Não apenas, há penas...
Irritam glândulas d'alma
E pessoas fazem cenas
De um filme que nos fazem coçar
As glândulas lacrimais
Filmes! Essa poesia!
Deixe-a sair do papel
E como da revolta, filhas,
Faça arte subversiva
Escreva escarcéu: escarre o céu
Escreva governo; engov-ermo
Escreva sentimentos: simtormentos
Escreva paz: paz (E não só escreva,
Senão você só escrava).
Valéria Dusaki
Céu solitário das cidades
Ninguém quer ter a resposta por si
Todos querem algo pra seguir
Pra pôr a culpa no sol pelo anoitecer
E sentir humildade ao vê-lo nascer
Pra se algo der errado
Todos olharem pro lado
E quando o sinal vermelho vem
Todos pensam que a vida seria melhor
Se todos andassem de trem
E todos pensam sem pensar, e só
Não quero ser só mais um, e ninguém o é
E isso faz todos muito parecidos
Tem gente que não duvida e agarra a fé
E tem gente que não sabe se usa calça ou vestido
Mas a fé indiscriminada pode esconder algo
Como um sorriso com uma pedra no sapato
E a dúvida ser o céu de janeiro de 2005
Totalmente diferente do de janeiro de 85 ou 2025
Eu sou medroso e preguiçoso
E procuro o céu dentro de um poço
É trabalhoso olhar pra cima
E perceber que sempre há clima
Favorável pra vê-lo, voar e tocá-lo
Como é difícil abrir meu coração
Só é permitido em igrejas e consultórios
Como é difícil ultrapassar as visões
De corações tristes porém risos eufóricos
Como é difícil ter que ganhar dinheiro
Valendo mais que isso.
Valéria Dusaki
Todos querem algo pra seguir
Pra pôr a culpa no sol pelo anoitecer
E sentir humildade ao vê-lo nascer
Pra se algo der errado
Todos olharem pro lado
E quando o sinal vermelho vem
Todos pensam que a vida seria melhor
Se todos andassem de trem
E todos pensam sem pensar, e só
Não quero ser só mais um, e ninguém o é
E isso faz todos muito parecidos
Tem gente que não duvida e agarra a fé
E tem gente que não sabe se usa calça ou vestido
Mas a fé indiscriminada pode esconder algo
Como um sorriso com uma pedra no sapato
E a dúvida ser o céu de janeiro de 2005
Totalmente diferente do de janeiro de 85 ou 2025
Eu sou medroso e preguiçoso
E procuro o céu dentro de um poço
É trabalhoso olhar pra cima
E perceber que sempre há clima
Favorável pra vê-lo, voar e tocá-lo
Como é difícil abrir meu coração
Só é permitido em igrejas e consultórios
Como é difícil ultrapassar as visões
De corações tristes porém risos eufóricos
Como é difícil ter que ganhar dinheiro
Valendo mais que isso.
Valéria Dusaki
"Rostos sem gargantas"
Obrigado por dizer obrigado
Por me ver atrás dessa nebulosidade
De coisas coloridas até o talo
Mas que tiram da raiz profundidade
Obrigado por ver minhas lágrimas
Descreveram-nas chuva nesse sol imenso
Me falaram das suas senhora-de-fátimas
Sem me tocar, nenhum carinho de alento
Não quer saber meu CNPJ?
Desculpe, esqueci meu RG
Tudo se resume a esses soluços
Cadê você, peraí, não há portas...
Mais uma ilusão do anoitecer
Mais um verde-metano-vultos.
Valéria Dusaki
Por me ver atrás dessa nebulosidade
De coisas coloridas até o talo
Mas que tiram da raiz profundidade
Obrigado por ver minhas lágrimas
Descreveram-nas chuva nesse sol imenso
Me falaram das suas senhora-de-fátimas
Sem me tocar, nenhum carinho de alento
Não quer saber meu CNPJ?
Desculpe, esqueci meu RG
Tudo se resume a esses soluços
Cadê você, peraí, não há portas...
Mais uma ilusão do anoitecer
Mais um verde-metano-vultos.
Valéria Dusaki
Pessoaços e maquinalmas
Nasceram mais casas
E demoliram pessoas
Essas pessoas com nervos de aço
Coração de pedra, cara de pau
E alma de vidro...
E a cidade está doente precisando de atenção
E os parafusos das cabeças espalhados (as) pelo chão
Nos dizem que o mundo está louco
Os apitos das fábricas estão roucos
E as pessoas trocam o óleo
Põem combustível e mesmo assim
Entram em pane
Os carros dirigindo pessoas sem freios
As estradas fazendo lipo pra acentuarem as curvas
E parando o trânsito
Nasceram mais casas
E demoliram pessoas
Essas pessoas com nervos de aço
Coração de pedra, cara de pau
E alma de vidro
Que todo dia se quebra,
Mais um negócio lucrativo.
Valéria Dusaki
E demoliram pessoas
Essas pessoas com nervos de aço
Coração de pedra, cara de pau
E alma de vidro...
E a cidade está doente precisando de atenção
E os parafusos das cabeças espalhados (as) pelo chão
Nos dizem que o mundo está louco
Os apitos das fábricas estão roucos
E as pessoas trocam o óleo
Põem combustível e mesmo assim
Entram em pane
Os carros dirigindo pessoas sem freios
As estradas fazendo lipo pra acentuarem as curvas
E parando o trânsito
Nasceram mais casas
E demoliram pessoas
Essas pessoas com nervos de aço
Coração de pedra, cara de pau
E alma de vidro
Que todo dia se quebra,
Mais um negócio lucrativo.
Valéria Dusaki
Sozinho sem mim
Sangre na alma
Morra na calma
Sua maquiagem está borrada
E sua cabeça está drogada
Triste e distante
Mesmo ali adiante
Como a mais perfeita cidade
Como o mais silencioso alarme
Veja, passou
Se foi e amou
Como o amor novo e senil
Você é o único depois de mil
O rei se vai sempre
E você é o filho
Algo bom que vai ser ruim
Enfim sozinho mas sem mim
Pedir a verdade
E se assustar com ela
A procissão que incendeia a cidade
Por causa das preces com as velas
Drogas pra sentir
E ficar dormente
Almejar a liberdade em fugir
Tendo que viver secretamente.
Valéria Dusaki
Morra na calma
Sua maquiagem está borrada
E sua cabeça está drogada
Triste e distante
Mesmo ali adiante
Como a mais perfeita cidade
Como o mais silencioso alarme
Veja, passou
Se foi e amou
Como o amor novo e senil
Você é o único depois de mil
O rei se vai sempre
E você é o filho
Algo bom que vai ser ruim
Enfim sozinho mas sem mim
Pedir a verdade
E se assustar com ela
A procissão que incendeia a cidade
Por causa das preces com as velas
Drogas pra sentir
E ficar dormente
Almejar a liberdade em fugir
Tendo que viver secretamente.
Valéria Dusaki
Pedra nas screaming whores
Imagine uma pedra
Uma pedra no sapato de Deus
Mas, agora, uma serra
Uma serra no sapato, no seu
Justamente o que Kant me disse
Já me disse, então esqueça
Antes ele me visse, e me visse
Com serpentes na cabeça
Ele teria virado pedra.
Quero sair do mundo
Então apenas olho pra dentro
E vejo screaming whores
Com suco de abacaxi noite adentro
Justamente o que Nietzche me disse
Ficou dentro aqui enjaulado
Antes ele me visse, e me visse
Com serpentes do seu lado
Ele teria virado pedra.
Valéria Dusaki
Uma pedra no sapato de Deus
Mas, agora, uma serra
Uma serra no sapato, no seu
Justamente o que Kant me disse
Já me disse, então esqueça
Antes ele me visse, e me visse
Com serpentes na cabeça
Ele teria virado pedra.
Quero sair do mundo
Então apenas olho pra dentro
E vejo screaming whores
Com suco de abacaxi noite adentro
Justamente o que Nietzche me disse
Ficou dentro aqui enjaulado
Antes ele me visse, e me visse
Com serpentes do seu lado
Ele teria virado pedra.
Valéria Dusaki
Tortura
Vozes enevoadas pelo medo emudecedor
Eles não sentem frio nem remorso, não há dor
Desaparecendo, um a um, todos seus amigos vão
Os portões se fecham, as covas se abrem sobre o chão
Verde, amarelo e vermelho
Menos branco, bem mais negro
Sinta o beijo virar tiro
E o amor virar vampiro
Esse é o desespero do animal à beira do abismo
A sensação que você nunca queria ter sentido
A caminho do abatimento por mãos bem treinadas
Que sabem mui' bem como ser indolores ou sádicas
Anoitecer do amor
Amanhecer da tortura
Ora na tarde indolor
Ora na noite mais dura
A idéia de lutar contra isso foi nossa, então
Como fomos capazes de tamanha surdez em vão?
E agora as lembranças mais lindas são as piores
Pois agora é só morte, sem sorte, apenas os cortes
Feitos por inimigos
Que sabemos quem são
Que mesmo sendo antigos
Parecem sem solução.
Valéria Dusaki
Eles não sentem frio nem remorso, não há dor
Desaparecendo, um a um, todos seus amigos vão
Os portões se fecham, as covas se abrem sobre o chão
Verde, amarelo e vermelho
Menos branco, bem mais negro
Sinta o beijo virar tiro
E o amor virar vampiro
Esse é o desespero do animal à beira do abismo
A sensação que você nunca queria ter sentido
A caminho do abatimento por mãos bem treinadas
Que sabem mui' bem como ser indolores ou sádicas
Anoitecer do amor
Amanhecer da tortura
Ora na tarde indolor
Ora na noite mais dura
A idéia de lutar contra isso foi nossa, então
Como fomos capazes de tamanha surdez em vão?
E agora as lembranças mais lindas são as piores
Pois agora é só morte, sem sorte, apenas os cortes
Feitos por inimigos
Que sabemos quem são
Que mesmo sendo antigos
Parecem sem solução.
Valéria Dusaki
Muros ao poço (*)
Era só concreto e pensamentos tristes
Um presente inerte, como se apenas visse
O azul depois cinza depois vermelho
Projeções lógicas diante do espelho
Era só o vazio cheio das lembranças
Que nunca aconteceram, mortas nas lanças
Do muro grandioso da mais linda mansão
Sonhos lindos, mas quase na realização
Mas, de repente você
Mudou o rumo ao precipício
E eu, quase sem poder
Acreditar que havia resquícios
De amor.
*Título dado por Higor Sofiery
Valéria Dusaki
Um presente inerte, como se apenas visse
O azul depois cinza depois vermelho
Projeções lógicas diante do espelho
Era só o vazio cheio das lembranças
Que nunca aconteceram, mortas nas lanças
Do muro grandioso da mais linda mansão
Sonhos lindos, mas quase na realização
Mas, de repente você
Mudou o rumo ao precipício
E eu, quase sem poder
Acreditar que havia resquícios
De amor.
*Título dado por Higor Sofiery
Valéria Dusaki
06:15
Tem horas que a hora não passa
Cada minuto é navalha
Nada que pague, que valha
O sofrimento que isso causa
Segundos martelam na mente
Segundos sempre primeiros
Iniciais desesperos
E fortes, incessantemente
Os olhos tocam o sono
O sono cerrando os olhos
Mãos do padre na extrema unção
Ouvidos já escutam mono
O "espera" escutado "logo"
Os passos são bombas no chão
Zona de zumbido, usina
Sonhos que se tornam sinas
Cochichos que chamam chamas
Chamas que trazem aconchego
Chego lá mas eu não chego
Meu corpo em pé já é cama.
Valéria Dusaki
Cada minuto é navalha
Nada que pague, que valha
O sofrimento que isso causa
Segundos martelam na mente
Segundos sempre primeiros
Iniciais desesperos
E fortes, incessantemente
Os olhos tocam o sono
O sono cerrando os olhos
Mãos do padre na extrema unção
Ouvidos já escutam mono
O "espera" escutado "logo"
Os passos são bombas no chão
Zona de zumbido, usina
Sonhos que se tornam sinas
Cochichos que chamam chamas
Chamas que trazem aconchego
Chego lá mas eu não chego
Meu corpo em pé já é cama.
Valéria Dusaki
Boite ou pogo (?)
Um nome na noite
Um banho na boite
Um maço no açoite
Um corte no coito
Oitenta ou oito
Afim e afoito
Arranhos na rua
Souberam da sua
Insensata incensura
Flagrante do fogo
Apagou-se o pogo
Apossaram-se do poço
Recavaram a cova
Reviveram o (in)vão
E um nome na noite...
Valéria Dusaki
Um banho na boite
Um maço no açoite
Um corte no coito
Oitenta ou oito
Afim e afoito
Arranhos na rua
Souberam da sua
Insensata incensura
Flagrante do fogo
Apagou-se o pogo
Apossaram-se do poço
Recavaram a cova
Reviveram o (in)vão
E um nome na noite...
Valéria Dusaki
Perdão!
Você se esvaindo em meus braços
Afogando-se no seu choro
Eu digo, digo, mas não faço
Sentidos velados em coro
Eu não nasci pra me enganar
Mas tem horas que o inferno
Ë mais fácil do que pensar
Que o amor você faz eterno
"E se for posse, não amor?
E se for pena, não carinho?
E se for culpa e não vontade?
Obrigação sem ser saudade?
Se for só medo de ser só
E não vontade de ser dois?
Ou apenas um momentâneo nó
Que se tornará cego depois?"
Você perguntou se era sim
Sabendo ser não ou talvez
Eu fui sincero, mas vim
A me assustar com a tal vez
Que o talvez era sempre, sempre
Vai ver o egoísmo demente
Me fez pisar nessas sementes:
As lembranças que fazem a gente.
Valéria Dusaki
Afogando-se no seu choro
Eu digo, digo, mas não faço
Sentidos velados em coro
Eu não nasci pra me enganar
Mas tem horas que o inferno
Ë mais fácil do que pensar
Que o amor você faz eterno
"E se for posse, não amor?
E se for pena, não carinho?
E se for culpa e não vontade?
Obrigação sem ser saudade?
Se for só medo de ser só
E não vontade de ser dois?
Ou apenas um momentâneo nó
Que se tornará cego depois?"
Você perguntou se era sim
Sabendo ser não ou talvez
Eu fui sincero, mas vim
A me assustar com a tal vez
Que o talvez era sempre, sempre
Vai ver o egoísmo demente
Me fez pisar nessas sementes:
As lembranças que fazem a gente.
Valéria Dusaki
terça-feira, 21 de agosto de 2012
Quem sou eu?
Eu tenho saudades do tempo
Que eu não sabia que o tempo
Era o tempo; espera, me dá um tempo...
Quebrem os relógios e se tornem
Combustíveis dos seus sonhos mais
Medonhos, suponho que essa seja
A melhor saída pra quem pensa
Que não há saída, como eu...
Eu sou alguém só pra mim
E pra quem quiser me entender
Como eu. Ah, não me entenda mal
Ou bem, estou muito cansado
Pra tentar me entender, quem dirá
Me explicar... Minhas imagens são tão
Inconscientes que eu tenho raiva de
Froid (ou Freud...).
Valéria Dusaki
Que eu não sabia que o tempo
Era o tempo; espera, me dá um tempo...
Quebrem os relógios e se tornem
Combustíveis dos seus sonhos mais
Medonhos, suponho que essa seja
A melhor saída pra quem pensa
Que não há saída, como eu...
Eu sou alguém só pra mim
E pra quem quiser me entender
Como eu. Ah, não me entenda mal
Ou bem, estou muito cansado
Pra tentar me entender, quem dirá
Me explicar... Minhas imagens são tão
Inconscientes que eu tenho raiva de
Froid (ou Freud...).
Valéria Dusaki
Sucexo
Que sucesso é esse
Que é um retrucesso
Que é um cessar-fogo
Que é sem sal, insosso
Que sossega o sono?
Que sucesso é esse
Que penetra o peito
E putrefa o puro
Purifica o insano
Não mais porra-louca?
Se é assim a fama
Quero ser infame
Quero que inflame
Esse machucado
Quero ver em chamas
Esse seu chamado
Se eu for enlatado
Quero ser veneno
E não doce de leite
Nada de sereno
Se eu for fabricado
Quero ser uma bomba
E que tudo se foda
Que tudo se exploda.
Valéria Dusaki
Que é um retrucesso
Que é um cessar-fogo
Que é sem sal, insosso
Que sossega o sono?
Que sucesso é esse
Que penetra o peito
E putrefa o puro
Purifica o insano
Não mais porra-louca?
Se é assim a fama
Quero ser infame
Quero que inflame
Esse machucado
Quero ver em chamas
Esse seu chamado
Se eu for enlatado
Quero ser veneno
E não doce de leite
Nada de sereno
Se eu for fabricado
Quero ser uma bomba
E que tudo se foda
Que tudo se exploda.
Valéria Dusaki
Lua nova antiga
Às vezes bate um desânimo
Penso que não tenho amigos
E que nada vale a pena
Penso em me jogar no vício
De me jogar em vícios
É passageira essa coisa ruim
De pensar que estou sozinho
De pensar que quando vier o fim
Na vida dos outros terei sido só um espinho
Um incômodo pequeno e tão grande
Na noite todos parecem gostar
Mas e no dia? É aí que se prova
No céu do dia estrelas não há
E á noite há estrelas de sobra
Você tropeça em estrelas toda hora
Tanto faz e não tanto faz
Não, eu me importo.
Valéria Dusaki
Penso que não tenho amigos
E que nada vale a pena
Penso em me jogar no vício
De me jogar em vícios
É passageira essa coisa ruim
De pensar que estou sozinho
De pensar que quando vier o fim
Na vida dos outros terei sido só um espinho
Um incômodo pequeno e tão grande
Na noite todos parecem gostar
Mas e no dia? É aí que se prova
No céu do dia estrelas não há
E á noite há estrelas de sobra
Você tropeça em estrelas toda hora
Tanto faz e não tanto faz
Não, eu me importo.
Valéria Dusaki
Sentir vivo
O que te faz sentir vivo?
O que te dá arrepios?
Aquilo que te faz gritar por dentro
Aquilo que não se vai com o vento
O beijo que acelera o peito
O medo que te parte ao meio
A morte contida num copo de destruição
Destruir-se para assim sentir o coração
Apenas uma simples brisa
Num rosto em fogo que anuncia
O prazer que deve voltar ao seu lugar
À vida, que deve sempre semeá-lo
O que sua pele te pede
Para resistir ao concreto?
A quê tua pele te impele a fazer
Para o elo entre ela e o coração não ceder?
O som que me faz perder a respiração;
Os olhos que me fazem ficar sem ação;
As ruas que me fazem querer andar nelas:
Aquilo pelo qual eu rezo e acendo velas.
Valéria Dusaki
O que te dá arrepios?
Aquilo que te faz gritar por dentro
Aquilo que não se vai com o vento
O beijo que acelera o peito
O medo que te parte ao meio
A morte contida num copo de destruição
Destruir-se para assim sentir o coração
Apenas uma simples brisa
Num rosto em fogo que anuncia
O prazer que deve voltar ao seu lugar
À vida, que deve sempre semeá-lo
O que sua pele te pede
Para resistir ao concreto?
A quê tua pele te impele a fazer
Para o elo entre ela e o coração não ceder?
O som que me faz perder a respiração;
Os olhos que me fazem ficar sem ação;
As ruas que me fazem querer andar nelas:
Aquilo pelo qual eu rezo e acendo velas.
Valéria Dusaki
Caindo
Tudo está tão vazio
Nem calor nem frio, só torpor
Não há nada mais, tudo é nada agora
Só o passar das horas
Nem escuro nem claro, só opaco
Vegetar é tudo que eu faço
Não há mais motivos pra continuar
Só o passar das horas
Como um fim de tarde, transição
Uma flor esmagada no chão
A beleza e o ódio, a tristeza e o ópio
Nada se define
É um desespero controlado
Um dia chuvoso ensolarado
Entre a vida e a morte, dentro de um caixão
Nada se define...
Valéria Dusaki
Nem calor nem frio, só torpor
Não há nada mais, tudo é nada agora
Só o passar das horas
Nem escuro nem claro, só opaco
Vegetar é tudo que eu faço
Não há mais motivos pra continuar
Só o passar das horas
Como um fim de tarde, transição
Uma flor esmagada no chão
A beleza e o ódio, a tristeza e o ópio
Nada se define
É um desespero controlado
Um dia chuvoso ensolarado
Entre a vida e a morte, dentro de um caixão
Nada se define...
Valéria Dusaki
Veias (visão infernal)
Silenciosos eles vão
Por entre a cidade morta
Olhos longe da aurora
Das púrpuras pueris horas
Rumo a outra estação
Silenciosos, simples vãos
Dedos rijos, expressões
De dor, rumo ao céu doente
Dor, mais dor. Mas dor dormente
Dor que não vira semente
Olheiras, olhos-sertões
Secos, de mil solidões
Veias roxas vejo em mim
Pelos olhos fui fisgado
Mas meu coração acuado
Se fez presente e acordado
Depois do iminente fim
Voltei a ser sol assim.
Valéria Dusaki
Por entre a cidade morta
Olhos longe da aurora
Das púrpuras pueris horas
Rumo a outra estação
Silenciosos, simples vãos
Dedos rijos, expressões
De dor, rumo ao céu doente
Dor, mais dor. Mas dor dormente
Dor que não vira semente
Olheiras, olhos-sertões
Secos, de mil solidões
Veias roxas vejo em mim
Pelos olhos fui fisgado
Mas meu coração acuado
Se fez presente e acordado
Depois do iminente fim
Voltei a ser sol assim.
Valéria Dusaki
Poesia para os derrotados
Quando você quiser mudar
E achar que é muito difícil
Pense nos bóias frias
Que morreram
Nos canaviais:
Mortos de exaustão.
Valéria Dusaki
E achar que é muito difícil
Pense nos bóias frias
Que morreram
Nos canaviais:
Mortos de exaustão.
Valéria Dusaki
Ódio
A única razão pra eu querer
Te beijar é querer sentir nojo
Pra vomitar na sua boca
Valéria Dusaki
Te beijar é querer sentir nojo
Pra vomitar na sua boca
Valéria Dusaki
Salvadordenenhumlugar
Visões oníricas: falo de anjo
(A-hãm: falos de anjos)
Seios de Deusa, decido
Vou descendo e já descido
Rosa e língua e olhos azuis
Sol ao sul, completa Deusa
Pensei em ir e já fui
Como as velas na mesa
Flutuando às quatro da manhã
Num céu que inspira o afã
Nuvens curvas de crepúsculo
Vôos oníricos: sei os de anjas
Asas cor de crepúsculo
Vermelho-fogo, amarelo consumindo
Como o príncipe e a princesa indo
E eu ficando. Distante
Alma e corpo juntos e diante
Um do outro, porém sem reconhecer
Um ao outro. Realidade onírica?
Idílio esquecido? Caos
Uesyh23i8yi8474fcie s4dbcb 7
Valéria Dusaki
(A-hãm: falos de anjos)
Seios de Deusa, decido
Vou descendo e já descido
Rosa e língua e olhos azuis
Sol ao sul, completa Deusa
Pensei em ir e já fui
Como as velas na mesa
Flutuando às quatro da manhã
Num céu que inspira o afã
Nuvens curvas de crepúsculo
Vôos oníricos: sei os de anjas
Asas cor de crepúsculo
Vermelho-fogo, amarelo consumindo
Como o príncipe e a princesa indo
E eu ficando. Distante
Alma e corpo juntos e diante
Um do outro, porém sem reconhecer
Um ao outro. Realidade onírica?
Idílio esquecido? Caos
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Valéria Dusaki
Substâncias mortais
Há uma onda negra em meus olhos
Substância mortal em meus poros
Exalo vontade de morte geral
E mesmo ao contrário de um animal
Com a mesma avidez quero me matar
E me calar
As solas dos sapatos escondem segredos
Como na minha mente escondo meus medos
E sonhos macabros soam freudianos
Verdade reduzida a sonhos insanos
A dor de cabeça, quem dera ela ser
Dor de morrer
Tento acreditar na bondade e no amor
Mas tudo me força a ser um escroto
Infiel, egoísta, torpe, ignorante
Que é bálsamo o precipício adiante
Todos querem que eu acredite e cair
Dizem que é a solução pra eu sair:
Dor por sorrir.
Valéria Dusaki
Substância mortal em meus poros
Exalo vontade de morte geral
E mesmo ao contrário de um animal
Com a mesma avidez quero me matar
E me calar
As solas dos sapatos escondem segredos
Como na minha mente escondo meus medos
E sonhos macabros soam freudianos
Verdade reduzida a sonhos insanos
A dor de cabeça, quem dera ela ser
Dor de morrer
Tento acreditar na bondade e no amor
Mas tudo me força a ser um escroto
Infiel, egoísta, torpe, ignorante
Que é bálsamo o precipício adiante
Todos querem que eu acredite e cair
Dizem que é a solução pra eu sair:
Dor por sorrir.
Valéria Dusaki
Cruz infernal
A cidade acorda, escrava de si mesma:
A cidade, a corda, os corpos pendurados
Vivendo não como um papel que se queima
Mas sim como um gelo exposto ao sol dado
Sol dado aos soldados que não têm o sol
E que sem o sol morreriam de frio...
Porém mesmo no sol eles vivem em formol
Somente agüentando a inconstância do fio.
O céu brilha azul, mas as almas já mortas
Assim permanecem, no fim ou na aurora
De dias tão lindos, mas que poucos vão
Olhar não com os olhos, mas com o coração
São vultos, espectros de alguém que um dia
Sonhou em lutar pela sua alegria
São sombras de vidas que antes tinham cor
Mas que preferiram acreditar na dor
Na dor que não ensina, a dor assassina,
Na dor que ao invés de ajudar, é uma sina:
Uma cruz estúpida, cruz infernal
Que diz que é perfeita a ferida no sal;
Cada qual com sua mentira que acalma
O caos fervoroso do corpo e da alma;
O caos que evitamos pra não percebermos
O quanto esse mundo morto é triste, enfermo.
Valéria Dusaki
A cidade, a corda, os corpos pendurados
Vivendo não como um papel que se queima
Mas sim como um gelo exposto ao sol dado
Sol dado aos soldados que não têm o sol
E que sem o sol morreriam de frio...
Porém mesmo no sol eles vivem em formol
Somente agüentando a inconstância do fio.
O céu brilha azul, mas as almas já mortas
Assim permanecem, no fim ou na aurora
De dias tão lindos, mas que poucos vão
Olhar não com os olhos, mas com o coração
São vultos, espectros de alguém que um dia
Sonhou em lutar pela sua alegria
São sombras de vidas que antes tinham cor
Mas que preferiram acreditar na dor
Na dor que não ensina, a dor assassina,
Na dor que ao invés de ajudar, é uma sina:
Uma cruz estúpida, cruz infernal
Que diz que é perfeita a ferida no sal;
Cada qual com sua mentira que acalma
O caos fervoroso do corpo e da alma;
O caos que evitamos pra não percebermos
O quanto esse mundo morto é triste, enfermo.
Valéria Dusaki
Casa das sombras
Teias de aranha por todos os lados
Velas apagadas nos candelabros
Quadros nas paredes me causam arrepios
Parece que os olhares não são fixos
O vento na poeira causa arrepios
Mas eu estou sozinho e não fui eu
Ouço um quebrar de vidros
Vejo que uma sombra apareceu
E eu que sou ateu pensei em Deus
O medo que senti do inexplicável
Me fez ficar tão vulnerável
Que o inexplicável sensato pareceu
O clima era tão fúnebre e nefasto;
O medo quase materializado...
Parece que ele estava me olhando
Na espreita, só esperando em algum canto
Nas escadas, panos negros pareciam
Que iriam avançar em mim
Lá em cima, no escuro, vultos riam
Mas eu falei que iria até o fim
Foi quando a casa toda veio abaixo
Me vi sendo levado pelas trevas
E perseguido pelas sentinelas
Da casa que o chão era o telhado.
Valéria Dusaki
Velas apagadas nos candelabros
Quadros nas paredes me causam arrepios
Parece que os olhares não são fixos
O vento na poeira causa arrepios
Mas eu estou sozinho e não fui eu
Ouço um quebrar de vidros
Vejo que uma sombra apareceu
E eu que sou ateu pensei em Deus
O medo que senti do inexplicável
Me fez ficar tão vulnerável
Que o inexplicável sensato pareceu
O clima era tão fúnebre e nefasto;
O medo quase materializado...
Parece que ele estava me olhando
Na espreita, só esperando em algum canto
Nas escadas, panos negros pareciam
Que iriam avançar em mim
Lá em cima, no escuro, vultos riam
Mas eu falei que iria até o fim
Foi quando a casa toda veio abaixo
Me vi sendo levado pelas trevas
E perseguido pelas sentinelas
Da casa que o chão era o telhado.
Valéria Dusaki
Passado
Gozo fétido
Gosto pútrido
De amor. Milhões de banhos e ainda assim
Me sinto sujo.
Vampiros sugaram minha alegria
E a ameaça do amanhecer os expulsou
E fiquei sozinho nessa noite-dia
Transição de alguém que quase não perdoou
A si mesmo.
Culpa fétida
Alma pútrida
De dor.
Toda distância vai ser pouca e a voz
E a voz rouca não se fará escutar
Desenho meus medos em telas ardentes
E o fogo irá consumi-los por inteiro
O pó do carvão se tornará sementes
Dementes-sãs dentro do meu peito.
Valéria Dusaki
Gosto pútrido
De amor. Milhões de banhos e ainda assim
Me sinto sujo.
Vampiros sugaram minha alegria
E a ameaça do amanhecer os expulsou
E fiquei sozinho nessa noite-dia
Transição de alguém que quase não perdoou
A si mesmo.
Culpa fétida
Alma pútrida
De dor.
Toda distância vai ser pouca e a voz
E a voz rouca não se fará escutar
Desenho meus medos em telas ardentes
E o fogo irá consumi-los por inteiro
O pó do carvão se tornará sementes
Dementes-sãs dentro do meu peito.
Valéria Dusaki
Poesia
Não quero apenas escrever poesia:
Quero ser poesia
Quero ser o farrapo emocional
Que, noite e dia,
Sofre aflito e ofegante pelo amor que se foi
Sofre aflito e ofegante pelo amor que dói.
Não quero descrever o mar azul
Sem antes sentir o sal em minha pele
Sem antes a maresia me refrescar
Sem antes olhar o horizonte que segue, segue...
Não quero apenas sentir o que escrevo
E sim escrever o que sinto
Não quero falar sobre furacão:
Quero descrevê-lo vindo...
Valéria Dusaki
Quero ser poesia
Quero ser o farrapo emocional
Que, noite e dia,
Sofre aflito e ofegante pelo amor que se foi
Sofre aflito e ofegante pelo amor que dói.
Não quero descrever o mar azul
Sem antes sentir o sal em minha pele
Sem antes a maresia me refrescar
Sem antes olhar o horizonte que segue, segue...
Não quero apenas sentir o que escrevo
E sim escrever o que sinto
Não quero falar sobre furacão:
Quero descrevê-lo vindo...
Valéria Dusaki
Dourada-púrpura
Venha e me faça ver a lua dourada-púrpura
O céu descendo e a beleza sendo cura
Me faça dizer versos multicolores
Te fazendo esquecer todas as dores
Me diga segredos ao pé do ouvido
Sussurre em minha alma seus desejos
Me fale o que nunca foi realmente dito
Me faça acreditar naquilo que vejo
Me deixe desligado, esquecido do mundo
Te faço sentir todas emoções em um segundo
E a overdose seria uma coisa benéfica
Fazendo você deixar de ser tão cética
E a paixão venceria nossos corações
E todas desculpas se tornariam perdões.
E o vento sopra, os lobos uivam
O amor não adianta, dores não curam
Os lobos estão em posição de ataque maciço
Nós seremos nossos próprios castigos
E o seu perdão me fará sofrer
Por saber que meu erro é impossível de esquecer
E a mentira te faria gloriosa
Mas a glória não te salvaria da fossa
E o medo de seus fantasmas internos
Te jogaria num pesadelo eterno
E eu sofreria por te ver tão mal
Assim jogando na minha ferida sal
Tudo ficaria meio turvo, escurecido
E o amor iria embora escondido
Pois a dor faria mal às percepções
E perderíamos nossas emoções.
Valéria Dusaki
O céu descendo e a beleza sendo cura
Me faça dizer versos multicolores
Te fazendo esquecer todas as dores
Me diga segredos ao pé do ouvido
Sussurre em minha alma seus desejos
Me fale o que nunca foi realmente dito
Me faça acreditar naquilo que vejo
Me deixe desligado, esquecido do mundo
Te faço sentir todas emoções em um segundo
E a overdose seria uma coisa benéfica
Fazendo você deixar de ser tão cética
E a paixão venceria nossos corações
E todas desculpas se tornariam perdões.
E o vento sopra, os lobos uivam
O amor não adianta, dores não curam
Os lobos estão em posição de ataque maciço
Nós seremos nossos próprios castigos
E o seu perdão me fará sofrer
Por saber que meu erro é impossível de esquecer
E a mentira te faria gloriosa
Mas a glória não te salvaria da fossa
E o medo de seus fantasmas internos
Te jogaria num pesadelo eterno
E eu sofreria por te ver tão mal
Assim jogando na minha ferida sal
Tudo ficaria meio turvo, escurecido
E o amor iria embora escondido
Pois a dor faria mal às percepções
E perderíamos nossas emoções.
Valéria Dusaki
Música
Espasmos musculares.
O vento do paraíso soa assim.
Formigações por todo o corpo
Lágrimas e sorriso e espanto
A convicção de que podemos ser deuses.
Como alguém pôde fazer isso?
E é tão simples... É só música
E é tudo isso!...
Me faz sentir cada átomo do meu corpo
Me faz sentir que minha alma tem
Átomos. É falta de educação
Invadir uma alma desse jeito...
Feri-la assim tão cruelmente
Deixando-a seqüelada, com uma cicatriz
Tão linda. Provavelmente quem a fez (a música)
Não a transpôs em partitura;
Provavelmente nunca tocou na Transamérica
Nem 1% da população deve ter escutado
Essa música. E o resto é silêncio
Perto dela.
Valéria Dusaki
O vento do paraíso soa assim.
Formigações por todo o corpo
Lágrimas e sorriso e espanto
A convicção de que podemos ser deuses.
Como alguém pôde fazer isso?
E é tão simples... É só música
E é tudo isso!...
Me faz sentir cada átomo do meu corpo
Me faz sentir que minha alma tem
Átomos. É falta de educação
Invadir uma alma desse jeito...
Feri-la assim tão cruelmente
Deixando-a seqüelada, com uma cicatriz
Tão linda. Provavelmente quem a fez (a música)
Não a transpôs em partitura;
Provavelmente nunca tocou na Transamérica
Nem 1% da população deve ter escutado
Essa música. E o resto é silêncio
Perto dela.
Valéria Dusaki
Tempo no vácuo
Mortos-vivos se arrastam pelo tempo,
Tormento dos que não o aproveita.
Sedentos por vácuo, os mortos-vivos
Perambulam por entre construções e seitas
Milenares surgidas ontem.
Mortos-vivos sobrevivem em vão
Tentando sentir a dormência dos hipócritas
Sedentos por problemas sem solução
Usando pé-de-cabra pra abrir a aberta porta
Procurando o nariz no infinito.
Mortos-vivos distantes de si mesmos
Pra não verem o que o ontem fez com o hoje
A cara desfigurada no quebrado espelho
Numa mão sua cabeça; na outra, a foice,
O coice nas próprias costas.
Mortos-vivos: vida e morte inúteis
Sob um sol que sempre tanto fez
Diante de uma riqueza enorme e fútil
Toneladas de mercadoria sem freguês
Contas e contos no fim do mês
Mortos-vivos: isso que somos
Com medo da vida o suicídio forjamos
Apenas pra esquecer o que sempre fomos
Vivos, mas sempre com a vida sonhando
E morrendo com a vida dentro
De nós.
Valéria Dusaki
Tormento dos que não o aproveita.
Sedentos por vácuo, os mortos-vivos
Perambulam por entre construções e seitas
Milenares surgidas ontem.
Mortos-vivos sobrevivem em vão
Tentando sentir a dormência dos hipócritas
Sedentos por problemas sem solução
Usando pé-de-cabra pra abrir a aberta porta
Procurando o nariz no infinito.
Mortos-vivos distantes de si mesmos
Pra não verem o que o ontem fez com o hoje
A cara desfigurada no quebrado espelho
Numa mão sua cabeça; na outra, a foice,
O coice nas próprias costas.
Mortos-vivos: vida e morte inúteis
Sob um sol que sempre tanto fez
Diante de uma riqueza enorme e fútil
Toneladas de mercadoria sem freguês
Contas e contos no fim do mês
Mortos-vivos: isso que somos
Com medo da vida o suicídio forjamos
Apenas pra esquecer o que sempre fomos
Vivos, mas sempre com a vida sonhando
E morrendo com a vida dentro
De nós.
Valéria Dusaki
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