sábado, 25 de agosto de 2012

Céu solitário das cidades

Ninguém quer ter a resposta por si
Todos querem algo pra seguir
Pra pôr a culpa no sol pelo anoitecer
E sentir humildade ao vê-lo nascer
Pra se algo der errado
Todos olharem pro lado
E quando o sinal vermelho vem
Todos pensam que a vida seria melhor
Se todos andassem de trem
E todos pensam sem pensar, e só
Não quero ser só mais um, e ninguém o é
E isso faz todos muito parecidos
Tem gente que não duvida e agarra a fé
E tem gente que não sabe se usa calça ou vestido
Mas a fé indiscriminada pode esconder algo
Como um sorriso com uma pedra no sapato
E a dúvida ser o céu de janeiro de 2005
Totalmente diferente do de janeiro de 85 ou 2025
Eu sou medroso e preguiçoso
E procuro o céu dentro de um poço
É trabalhoso olhar pra cima
E perceber que sempre há clima
Favorável pra vê-lo, voar e tocá-lo
Como é difícil abrir meu coração
Só é permitido em igrejas e consultórios
Como é difícil ultrapassar as visões
De corações tristes porém risos eufóricos
Como é difícil ter que ganhar dinheiro
Valendo mais que isso.


Valéria Dusaki

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