terça-feira, 21 de agosto de 2012

Tempo no vácuo

Mortos-vivos se arrastam pelo tempo,
Tormento dos que não o aproveita.
Sedentos por vácuo, os mortos-vivos
Perambulam por entre construções e seitas
Milenares surgidas ontem.
Mortos-vivos sobrevivem em vão
Tentando sentir a dormência dos hipócritas
Sedentos por problemas sem solução
Usando pé-de-cabra pra abrir a aberta porta
Procurando o nariz no infinito.
Mortos-vivos distantes de si mesmos
Pra não verem o que o ontem fez com o hoje
A cara desfigurada no quebrado espelho
Numa mão sua cabeça; na outra, a foice,
O coice nas próprias costas.
Mortos-vivos: vida e morte inúteis
Sob um sol que sempre tanto fez
Diante de uma riqueza enorme e fútil
Toneladas de mercadoria sem freguês
Contas e contos no fim do mês
Mortos-vivos: isso que somos
Com medo da vida o suicídio forjamos
Apenas pra esquecer o que sempre fomos
Vivos, mas sempre com a vida sonhando
E morrendo com a vida dentro
De nós.


Valéria Dusaki

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